A Relatora Especial das Nações
Unidas para o Direito à Moradia, Raquel Rolnik, esteve em visita a
Porto Alegre no dia 18 de Agosto para conhecer a situação das
comunidades que serão afetadas pelas obras da Copa do Mundo de
2014. Raquel teve audiências com o prefeito José Fortunati e com o
governador Tarso Genro, e conheceu a realidade das famílias da Vila
Dique, removidas pela expansão do Aeroporto Salgado Filho, e da
Ocupação 20 de novembro, que residem ao lado do estádio Beira-Rio
e serão removidas para viabilizar as obras de ampliação do
estádio.
Durante o almoço oferecido na
Ocupação 20 de Novembro pelo Movimento Nacional de Luta pela
Moradia e o Comitê Popular da Copa, Rolnik afirmou que a situação
do reassentamento das famílias da Ocupação 20 de Novembro,
deveria ser uma das primeiras prioridades do município, inclusive
pela proximidade que as obras já tem sobre as casas onde residem as
famílias”.
Na
avaliação de Raquel, a disponibilidade de recursos para a Copa do
Mundo poderia resultar no cumprimento de propostas históricas como a
regularização e urbanização das comunidades, mas há uma inversão
de prioridades. “As intervenções da Copa do Mundo estão
diretamente ligadas à execução do evento em si: chegar do
aeroporto ao estádio, chegar do aeroporto aos hotéis e dos hotéis
ao estádio. Essa é a agenda e não de construção de um legado
socioambiental”, criticou.
Ainda na quinta-feira, Raquel participou de uma entrevista coletiva no assentamento utopia e luta e do Seminário “A Copa do Mundo e Desrespeito aos Direitos de Cidadania”, na Câmara de Vereadores.
Ainda na quinta-feira, Raquel participou de uma entrevista coletiva no assentamento utopia e luta e do Seminário “A Copa do Mundo e Desrespeito aos Direitos de Cidadania”, na Câmara de Vereadores.
Na
sexta-feira, dia 19, a relatora visitou o Morro Santa Tereza, o
Quilombo da Família Silva, o loteamento onde foram assentadas as
famílias do Chocolatão e também comunidades do Cristal.
“FIFA É UMA MÁQUINA DE CORRUPÇÃO"
A
representante das Nações Unidas afirmou ainda que existe um
protocolo firmado entre governo federal e a FIFA, mas a relatoria não
tem acesso ao documento. “A FIFA é uma caixa preta, um máquina de
corrupção e de favorecimentos individuais e corporativos, isso não
é a relatoria que está afirmando, está na imprensa internacional
há vários meses”.
“Começa
a se constituir um Estado de exceção, a ideia de que em nome da
Copa é possível passar em cima de direitos, de leis, e constitui
uma espécie de Estado paralelo, um Estado de emergência que apenas
diante de catástrofes e conflitos os países acabam decretando para
que as coisas possam acontecer. É o que aconteceu na Africa do Sul,
é o que começa a acontecer no Brasil através de decretos e medidas
provisórias”, alertou.
“Mas o mais perigoso são os acordos paralelos que a Fifa faz com cada uma das cidades-sede, com suas prefeituras. Esse é ainda mais secreto, com uma série de ingerências que foram percebidas em cidades da África do Sul. Coisas que não estavam no protocolo geral e que a FIFA foi negociando com as cidades, numa espécie de terrorismo promovido pela entidade. A FIFA é um grande perigo e a relatoria espera que esses acordos paralelos não aconteçam com as cidades brasileiras”.
“Mas o mais perigoso são os acordos paralelos que a Fifa faz com cada uma das cidades-sede, com suas prefeituras. Esse é ainda mais secreto, com uma série de ingerências que foram percebidas em cidades da África do Sul. Coisas que não estavam no protocolo geral e que a FIFA foi negociando com as cidades, numa espécie de terrorismo promovido pela entidade. A FIFA é um grande perigo e a relatoria espera que esses acordos paralelos não aconteçam com as cidades brasileiras”.
Em
dezembro, a relatora encaminhou uma Carta de Alegação ao governo
brasileiro com as denúncias de irregularidades apontadas em dossiês
elaborados pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública.
Segundo Raquel, até hoje o governo brasileiro não respondeu de
forma satisfatória. Agora, a relatora deverá elaborar um segundo
comunicado até o final de setembro, que será encaminhado novamente
para o governo federal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário